Uma fadista que é paga directamente pelos seus ouvintes, para cantar uns fados, é uma trabalhadora improdutiva.
Mas se a mesma fadista é contratada por um empresário, afim de (este) obter um lucro com a sua (dela) actuação, é uma trabalhadora produtiva.
Porque, neste caso, ela (a fadista) produz capital.(1).
A gente sabe que pode parecer um pouco confuso distinguir uma coisa dum conceito, ou compreender outros aspectos do método do autor do Manifesto, mas se ler o que ele escreveu, e fizer um pequeno esforço para tentar entender, vai ver que não dói nada.Vem isto a propósito do post O Google contra Marx, onde o blogger, como aliás é muito habitual a quem escreve sobre economia politica, não só confunde o género humano com o manuel germano, como toma por novidade coisas que já são faladas e estudadas desde os finais do sec. XVIII.Não dispondo de tempo, pachorra, ou conhecimento suficiente destas podas para pôr a coisa em pratos limpos, gostaria apesar disso de deixar aqui algumas notas que talvez ajudem a esclarecer as confusões e perplexidades do dito post. Quer com a fadista com patrão, quer com os trabalhadores da Google (tirando os que só por lá andam a mandriar, ou estão com baixa da Caixa), há trabalho produtivo, capital variável.Como acontece com as salsichas Nobre, a informação da Google, ou qualquer outra mercadoria, o valor, e o valor de uso, começam sempre por ser latentes e potenciais, realizando-se o valor no acto da troca (venda), e o valor de uso no acto do seu (dela mercadoria) consumo. Se ninguém a comprar não há valor. Se ninguém a consumir não há valor de uso.Talvez o autor do post não tenha pensado nisso mas, tal como acontece com a informação que a Google usa, também os pescadores apanham peixe que lhes é “entregue gratuitamente”, no caso pelos rios e oceanos deste velho planeta.(1) Tradução, com alguma liberdade, dum parágrafo do Volume 34, p. 121-146, da Marx Engels Collected Works, que pode ver, em inglês, aqui:
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1861/economic/ch38.htm