segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O Freeport de Alcochete e os indícios: serão líquidos? serão gasosos? sólidos não são certamente, porque a PGR é que fala assim.









Flamingos na zona de Alcochete

Num mesmo dia, no longínquo ano de 2002, um Governo de saída aprova em Conselho de Ministros, o projecto do Freeport de Alcochete e a alteração que retira da Zona de Protecção do Estuário do Tejo a área de construções daquele projecto. E aqui, vejo duas hipóteses: ou se trata duma discutível concepção do interesse público que deve ser objecto de discussão e avaliação politica; ou estamos perante uma situação em que, por meios mais ou menos ilícitos, o interesse privado se sobrepôs ao interesse público: um caso de polícia.


E como há de facto indícios de falcatrua, seria bom que a PJ e a PGR investigassem com a celeridade e competência que esperamos delas, esclareçendo o que for possível deslindar, em vez de continuarem a assistir a fugas de informação e a desdobrarem-se em declarações extemporâneas e ridículas como as de não haver indícios sólidos(1) em relação ao Eng. Sócrates.

Os julgamentos na comunicação social, e blogosfera, por muito entretenimento que possam proporcionar, são mais um sintoma da situação pantanosa a que chegámos, no que respeita à corrupção, fraude financeira, crime de colarinho branco, offshores, branqueamento de dinheiro, e sei lá que mais. E aqui sim, está provado, o Eng. Sócrates tem pesadas culpas no cartório. Não foi ele que se opôs ao pacote Cravinho de combate à corrupção? Que abençoou o Pacto de Justiça cozinhado por um selecto grupo do PS e PSD? E os resultados estão à vista. Sabe quantas pessoas estão presas a cumprir pena por crime de corrupção? Arrisque um número e depois compare aqui.

E se alguém, nas oposições, pensa que vai tirar proveitos eleitorais destas manobras, o melhor é tirar o cavalo da chuva. Ou o homem sai reforçado desta provação, como vítima merecedora de todo o respeito e solidariedade, e de mais alguns votos. Ou mesmo que a coisa desse para o torto, não era grande a desgraça para o PS que, com alguma dor e melhor proveito, podia, da noite para o dia, ver-se livre do engenheiro e respectiva tralha, e avançar com um elenco renovado, para uma segunda maioria absoluta.

Escolhesse o PS continuar na mesma linha, ou mudar de direcção e enfrentar os novos desafios que aí estão, não seria difícil encontrar por lá alguém com melhores credenciais do que as do desgastado 1º Ministro. E isto não é sequer sobrevalorizar o PS. Como dizia a Zezinha acerca do Paulinho, à Drª Ferreira Leite até o rato Mickey ganhava.

Com Sócrates ou sem Sócrates, aqui está uma oportunidade oferecida ao PS para antecipar as eleições, antes que a crise começe a doer ainda mais a sério.


(1) No Expresso de 24/1/2009.

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