quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Padre António Vieira: Locutus est mutus.















Locutus est mutus: falou o Mudo. Se ele falou, como lhe chamam Mudo? Porque na Confissão há homens que ainda depois de falar são mudos. Falam pelo que dizem, e são mudos pelo que calam; falam pelo que declaram, e são mudos pelo que dissimulam; falam pelo que confessam, e são mudos pelo que negam.
...
Admirável cousa é ver muitos pecados, como se fazem, e ouvir como se confessam! Vistos fora da Confissão, e em si mesmos, são pecados, e graves pecados: ouvidos na Confissão, e com as cores de que ali se revestem, ou não parecem pecados, ou parecem virtudes. Seja exemplo (para que nos acomodemos ao lugar) o pecado, e a confissão de um grande Ministro.

Sermão da Terceira Dominga da Quaresma, em Sermões, Tomo I, Padre António Vieira, Pags. 253 e 254. Edição CEFi - Cento de Estudos de Filosofia, e Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

25 de Novembro de 2008, no Spectrum:
Quando isto der para o torto

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Quando for comprar sardinhas:
lembre-se dos 69, e depois compare.













Dados da Direcção-Geral das Pescas mostram que, um quilo de sardinha que custa 69 cêntimos à saída do barco, é vendida aos consumidores por 4,65 euros.

Por isto e aquilo, mais o que nos custa a gasolina e nos vai custar as trafulhices do BPN, estas formigas acham que a praga de entidades reguladoras que por aí andam a criar, só serve para duas coisas: dar a impressão de que se está a fazer alguma coisa para defender o público, e arranjar mais uns jobs para os boys.

E você, acredita em Entidades Reguladoras?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Gaffes, crónica de Vasco Pulido Valente.










Vasco Pulido Valente tem dias, e quando escreveu a crónica “Gaffes”, no Público de hoje 21/11, estava num dia bom, muito bom.

Aqui, nas formigas, tentámos chamar a atenção, em vários posts, para o contraste entre a imagem de política séria, competente e responsável, que a comunicação social elogiava na Primavera: a Dr.ª Manuela Ferreira Leite; e a sua outra face conservadora, autoritária, e menos democrática: a Dona Manuela.

O que VPV diz de MFL, aplica-se a muitos outros políticos, e tem, infelizmente, numerosos adeptos em vários eleitorados. E nem é preciso recuar aos tempos da Monarquia: “democracia suspensa”, em maior ou menor grau, é hoje o modo de funcionamento normal de muitas autarquias portuguesas.

Aqui temos então as Gaffes de VPV:

Se a dr.ª Manuela Ferreira Leite estava, ou não, a tentar ser irónica não interessa nada ou muito pouco. A ideia de uma ditadura provisória para resolver, fácil e expeditivamente, problemas que não se conseguem resolver de outra maneira não é uma ideia nova. Vem da velha Monarquia Constitucional. Quando um governo ficava imobilizado pelo excesso de virulência da oposição (no parlamento, na imprensa ou na rua), o rei mandava os deputados para casa - sem tocar, em princípio, na liberdade de imprensa ou de reunião - e o governo fazia em sossego o seu serviço, suspendendo um jornal aqui e ali ou proibindo as manifestações que lhe pareciam mais perigosas. No fim voltava tudo ao mesmo. O rei convocava o parlamento (em geral fabricado para a ocasião) e o parlamento passava, à inglesa, um "bill de indemnidade" ao governo. Este exercício era conhecido pelo nome de "ditadura administrativa" e deu uma grande contribuição para a queda da Monarquia.

As gaffes da dr.ª Manuela Ferreira Leite (com ou sem "ironia") revelam uma tendência especial para a "ditadura administrativa". Educada politicamente no espírito autoritário do "cavaquismo", e boa discípula do mestre, sofre com irritação os vexames da democracia. Os jornais não publicam o que ela quer, os professores resistem à ministra e até a lei "transforma o polícia em palhaço": Portugal inteiro parece incontrolável. Pensando não só em Sócrates, Manuela Ferreira Leite começou a ver as dificuldades de reformar o país com as restrições que existem. Como, de facto, reformar a justiça sem os juízes? Como reformar a saúde sem os médicos? No fundo do seu coração, Manuela Ferreira Leite não sabe. Sabe apenas que não há reformas sem eles, nem com eles.

A "ironia" não foi uma ironia. Foi um desabafo: se a deixassem a ela e às pessoas como ela (com inteligência, visão e capacidade) mandar a sério, bastavam seis meses para pôr as coisas "na ordem". Mas daí a pedir, ou a sugerir, uma ditadura vai um abismo. Infelizmente, é com declarações destas que se chega pouco a pouco ao descrédito da democracia. A imagem da democracia como um reino de interesses particulares, que impedem o progresso e anulam a razão, embora antiga, não perdeu ainda a sua eficácia. E, com os desastres que se preparam, não precisa de ajuda para dissolver os restos de respeito pelo regime.


A saga da Dona Manuela: aqui, aqui, aqui, e aqui.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O gato que toma conta do queijo,
e o conforto do subsídio de desemprego.








O gato que devia tomar conta do queijo, entre dois bocejos, e no tempo que lhe sobra da fiscalização da banca (que deve ser todo, pelo que temos sabido nos últimos meses), veio dizer que o aumento do desemprego, se deve ao "conforto do subsídio de desemprego".

Temos por aqui algumas formigas que, se o Governador do Banco de Portugal lhes arranjar trabalho lá no banco, (não estamos a falar de tachos, estamos a falar de trabalho mesmo, no duro), ficarão radiantes de se ver livres do "conforto do subsídio de desemprego".

Ou será que a recomendação do gato anafado é, mesmo, cortar o subsídio de desemprego à gataria rafeira? Matam-se os gajos todos à fome, e as estatísticas ficam que é uma beleza. Além, claro, do contributo para a redução do deficit.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Última hora: morreu a formiga da Dona Manuela.


O John McCain tem o Joe Plumber, a Dr.ª Manuela Ferreira Leite arranjou a Dona Manuela. E para não a acusarem de despesista, faz ela mesma de Dona Manuela.


Cumpre-nos o doloroso dever de informar que morreu hoje, à hora do telejornal das vinte, a formiga que fazia a cobertura bloguistica da Dona Manuela. A causa da morte ainda está por apurar. Para já, as opiniões dividem-se entre o antigo “badagaio”, e o mais recente “coisa má”.

Testemunhas presentes confidenciaram que, ainda a diligente postista estava a tentar assimilar o "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia", quando a Dona Manuela rematou: “Não sei se não é bom haver 6 meses sem democracia”. Aí, a nossa infortunada colega arregalou os olhos, empinou as antenas, e caiu redonda no meio do formiguedo.

À família da saudosa especialista da posta Manuelina, o sincero sentimento de pesar de todos os que, neste blog, e no ecossistema da blogosfera, acompanharam a sua extenuante tarefa de registar as tiradas da Dona Manuela.

Aos habituais visitantes, e outros fans da distinta politica do PSD, informamos que, até conseguirmos uma substituta à altura dos altos padrões bloguisticos da apreciada comunicadora, não nos vai ser possível continuar a registar as sempre brilhantes intervenções da Dona Manuela.

Mais Dona Manuela: aqui, aqui, e aqui.

Falemos de avaliação, falemos de educação.









Na blogosfera, na comunicação social, todo o mundo fala de avaliação. No caso concreto dos professores, origem de toda esta discussão, do que se trata é dum sistema formal de avaliação de desempenho, abreviando sfad.

Os sfad, em poucas palavras, destinam-se levar a linha justa às massas, e a levar as massas a aceitar a linha justa. Não, não tem nada a ver com o livro vermelho do Mao. A sua introdução deve-se a grandes empresas americanas, e em particular as que empregam uma elevada percentagem de pessoal qualificado.

O sfad é, para a gestão duma grande corporação, por vezes de âmbito multinacional, um instrumento privilegiado para levar aos diversos níveis de gestão, e a cada trabalhador, a filosofia empresarial e objectivos da empresa, e simultaneamente conseguir a adesão da generalidade do pessoal.

A adesão dos trabalhadores é estimulada por um conjunto de benefícios que acompanham a avaliação: prémios, promoções, aumentos salariais. Em muitos casos, a avaliação não tem um peso muito significativo na evolução das carreiras; e as recompensas pecuniárias, embora com gradações, beneficiam a generalidade dos trabalhadores(*).

Ver aqui, muito esclarecedor, um post com as linhas gerais de funcionamento do sfad da IBM Portugal, nos anos 70/80 (**). Um sfad não avalia o mérito em si, mas o desempenho dos trabalhadores face aos objectivos traçados.

Claro que o Ministério de Educação tem toda a legitimidade, para criar e implantar um sfad que leve aos professores as orientações do Ministério, e mobilize a sua adesão a esses objectivos. Só que este sfad não tem nada a ver com isso, não se vislumbram nele quaisquer objectivos que visem a efectiva melhoria do ensino; e quanto a conseguir a adesão dos professores ao processo, pior era impossível.

Se o que se pretende é mesmo melhorar a qualidade do ensino nas escolas publicas, então haverá certamente outras soluções.

Por exemplo, hoje no Publico, Desidério Murcho (ver aqui), defende que “exames nacionais rigorosos são simultaneamente uma maneira objectiva e simples de avaliar professores e escolas, e de estimular os estudantes a esforçar-se”, depois de ter começado por chamar a atenção para que “a solidez da formação científica dos professores é um factor crucial para a qualidade do ensino”.

É tempo de parar para pensar. Meter numa gaveta qualquer este sfad, ao que parece criado sob os auspícios do grande desígnio nacional da redução do deficit, e começar a discutir seriamente os objectivos e funcionamento da escola pública em Portugal.

(*) Nem pode ser de outro modo se o que se pretende é o empenho de todos.

(**) Não concordamos com algumas das conclusões do post, como é claro do que se escreveu acima, mas pensamos que seria util o seu autor, Penim Redondo, falar-nos um pouco mais da sua experiência directa com o sfad da empresa onde trabalhou, e se não for pedir muito, fazer uma análise critica dessa experiência.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Informação simples e clara, precisa-se.













No Publico de hoje, 17/11, na crónica Desenho de informação, Rui Tavares propõe que a exemplo da informação de eficiência energética disponível nos electrodomésticos (as letras A a G), seja facultada ao publico informação simples e clara, sobre mais produtos e serviços, incluindo os chamados produtos financeiros. Defende ainda, que este objectivo de tornar a informação mais simples e clara, seja mesmo alargado à própria esfera da politica. Transcrevemos os últimos parágrafos:

Isto é um problema maior do que o mercado. As próprias leis não têm em conta a impossibilidade de a maioria dos cidadãos as compreenderem (mesmo quando são feitas de boa-fé). Isso é um problema de democracia. Nos EUA, uma organização não-governamental chamada OpenCongress.org dedica-se a "traduzir" as leis para linguagem quotidiana, com grande sucesso.

Precisamos do mesmo aqui, e também de obrigar a Assembleia da República, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia a fazê-lo no seu processo legislativo. Os políticos não podem ser apenas legisladores; têm de ser intérpretes. No futuro, isso significará não apenas intérpretes da vontade popular, mas bons tradutores da realidade à sua volta para que uma vontade popular possa sequer começar a emergir.

domingo, 16 de novembro de 2008

Escritores de quem toda a gente fala
e ninguém lê.















Teixeira de Pascoaes em entrevista concedida em 1950:

E, a propósito, ocorre-me que, numa ocasião, entrando eu num eléctrico (recordo-me bem, era da carreira da Estrela), deparo com o Fernando Pessoa, que me pergunta de chofre: “Já notou uma coisa, ó Pascoaes? Há escritores de quem toda a gente fala e ninguém lê, e outros de quem ninguém fala e toda a gente lê. E destas duas espécies, qual, em seu entender, tem mais valor?” Respondi que aqueles de quem toda a gente fala e ninguém lê, e Fernando Pessoa rematou: “Também é a minha opinião.”

Weltliteratur. Madrid, Paris, Berlim, São Petersburgo, o Mundo!
Galeria de Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian, de 30/09/2008 a 04/01/2009

sábado, 15 de novembro de 2008

Cavaco só aponta o dedo aos miúdos.








Mais duma semana depois dos incidentes na Assembleia Regional da Madeira, o Senhor Presidente veio finalmente falar dos desacatos. Não dos da Madeira, mas dos desacatos dos alunos do ensino secundário, que manifestam o seu desacordo com o novo Estatuto do Aluno.

Sem sequer considerar, o que será normal exigir a um grupo de adolescentes, ou a adultos investidos em funções de responsabilidade politica, concentremo-nos no essencial.

E no essencial, há uma diferença abissal entre os estudantes que atiram ovos à porta das escolas, e os deputados regionais do PSD, que directamente ou por pessoas a seu mando, usam a violência à porta da Assembleia Regional da Madeira.

Á porta das escolas está-se a exercer, apesar de nalguns casos de forma condenável, um direito legítimo, democrático, previsto na Constituição. Á porta da Assembleia Regional da Madeira, (ver aqui), está-se a cometer um acto que além de condenável em si, visa impor uma decisão que é ilegítima, anti-democrática, ilegal, e anti Constitucional.

O cidadão Aníbal Cavaco Silva, democraticamente eleito para o cargo de Presidente da Republica, jurou perante o País defender e fazer respeitar a Constituição, que destaca entre outras, a responsabilidade de assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas.

A comparação entre as posições do Presidente da Republica nestes dois casos é chocante. Os seus critérios de intervenção politica, só ele os poderá explicar, e era bom que neste caso o fizesse.

Aos portugueses assiste o direito de apreciar a sua actuação. A nossa, como é evidente, só pode ser muito negativa. Esperamos não estar muito sós nesta posição.

Nota final: A foto à porta da escola não pretende transmitir a ideia de que todos os protestos foram ordeiros. Bem procurámos na Internet mas não encontrámos nenhuma imagem com os famosos ovos de que toda a comunicação social fala. Se tiverem alguma imagem dos desacatos, agradecemos que nos enviem, lapaed@gmail.com, para publicar neste post.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Dona Manuela ao prime-time, já:
mete polícias palhaços e patos da Justiça.













O John McCain tem o Joe Plumber, a Dr.ª Manuela Ferreira Leite arranjou a Dona Manuela. E para não a acusarem de despesista, faz ela mesma de Dona Manuela.

“Enquanto o sistema jurídico não for eficaz, o polícia está transformado num palhaço, porque prende um indivíduo e meia hora mais tarde ele está na rua”; diz o Público que a Dona Manuela disse.

A Dr.ª Manuela Ferreira Leite pode explicar à Dona Manuela que quando o PS e o PSD se põem a fazer patos(*) da Justiça, é no que dá.

Já quanto às critica que faz à comunicação social, acho que tem alguma razão: tiradas daquelas não são para ficar enterradas no 14º lugar dum qualquer alinhamento de telejornal. Mas concorrência do Sporting? Caia na real. Aqui também há uma formiga sportinguista, mas já se conformou há muito tempo.

(*) Ou será que se escreve pactos? Com o novo Acordo Ortográfico fico um pouco confuso.

Mais Dona Manuela: aqui, e aqui.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Dona Manuela sabe, mas não diz.











A Dr.ª Manuela Ferreira Leite
já não pode ver esta Dona Manuela.


O John McCain tem o Joe Plumber, a Dr.ª Manuela Ferreira Leite arranjou a Dona Manuela. E para não a acusarem de despesista, faz ela mesma de Dona Manuela.

A Dr.ª Manuela Ferreira Leite merece simpatia. De facto, não dá para ser regedor daquela freguesia: é o Meneses, o Santana, o Coelho, o Marcelo, o PSD Madeira, e hoje, mais uma vez, a Dona Manuela.

Sim, a Dona Manuela sabe quais são os problemas do País e até tem propostas, decerto excelentes, só que não diz quais são para o Governo não as adoptar. E esclareçe: como o Governo tem feito a todas as propostas que o PSD apresenta.

Aviso: isto não é ficção. Visto e ouvido pelas formigas no telejornal das 13 da RTP.

Dá Deus nozes a quem não tem dentes. Imaginem a felicidade do PCP e do BE, se o Governo adoptasse, pelo menos algumas, das propostas que passam a vida a fazer.

Pensavam as formigas que acima do interesse partidário estava o interesse nacional, e que o importante é resolver os problemas, e não quem apresenta as propostas. Hoje fica-se a saber que para termos direito a conhecer as soluções da Dona Manuela, temos de pagar primeiro. Não há almoços grátis: ou votamos no PSD, ou não há propostas para ninguém.


Mais Dona Manuela: aqui.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O cavalo do Dom José e os míseros votos














Há por aí muita gente desorientada. Nos jornais e blogosfera, há os que se querem convencer a eles próprios que os professores estão a ser manipulados: pelo Sr. Nogueira, pelos sindicatos, pelos partidos, pelo cavalo do Dom José...

De manhã, um taxista jurava que no sábado falou com um grupo de professores que estavam convencidos que vinham numa excursão ao Cabo Espichel e que, quando a camioneta os deixou na 24 de Julho, resolveram ir dar um passeio na Baixa até ao Marquês de Pombal.


À noite, na TV, quem ouvisse falar a Ministra da Educação, ficava com a impressão de que Portugal tem para aí um milhão de professores, que estão a ser pressionados por uma minoria de 120 000. Quanto ao Primeiro-ministro, foi para uma iniciativa do PS clamar contra a partidarização da luta dos professores.

Mas o que me deixou realmente preocupado foi quando o Eng. Sócrates começou a falar dos míseros votos. Que diabo, o homem deve saber fazer contas, e os votos daquele mar de gente dar-lhe-iam certamente jeito.

Ou será que míseros votos quer dizer votos de gente miserável, de gente que não interessa a ninguém? Será que depois da avaliação dos funcionários públicos e dos professores, vem aí a avaliação dos eleitores? Com 30% de eleitores titulares, para aí outros tantos de eleitores assim assim, e 40% de míseros eleitores? Como nalguns clubes de futebol em que há sócios que têm direito a 100 votos, outros 50 e outros 10?

sábado, 8 de novembro de 2008

Deixem-nos ensinar.













Dia de manifestação dos professores. Na Livraria Sá da Costa, Chiado, Educação Cívica, de António Sérgio com prefácio de Vitorino Magalhães Godinho(*), preço 2 euros. Do Prefácio:


O acto pedagógico não é nunca, não pode ser uma conduta ou feixe de condutas carriladas, seguindo estereótipos (mesmo se tem, como tem, que conformar-se com programas previamente traçados); é essencialmente uma creação, que põe em jogo toda a relação professor-aluno, sem exagero, ao contrário do que poderia pensar-se, que é uma obra de arte – tende sempre a ser único e inovador.


Vá-se lá explicar isto à governanta do Sócrates para a Educação.

(*) Ministro da Educação e Cultura (PS) do 2º e 3º Governos Provisórios - 1974

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

PSD Madeira vota suspensão da Democracia…
E agora Senhor Presidente?














Segundo a comunicação social, ontem o deputado regional do PND, José Manuel Coelho, chamou fascistas aos deputados regionais do PSD Madeira, e acenou uma bandeira nazi antes de a entregar ao inenarrável Jaime Ramos. Vai daí o PSD Madeira votou a suspensão do deputado regional democraticamente eleito, o CDS/PP absteve-se, e os deputados regionais dos outros partidos votaram contra. Hoje uns senhores de gravata empurraram o deputado do PND para fora da Assembleia.


Ainda de acordo com a comunicação social, na sessão de hoje da Assembleia da Republica, apenas o PCP e o BE se pronunciaram sobre a gravidade destas bizarrias madeirenses. Aliás, apenas o BE parece ter percebido o que estava em causa. O PCP, inevitavelmente, atacou o Governo, de quem depende a PSP, que pelos vistos neste caso se comportou de acordo com as suas atribuições. Pelo menos não aparece na fotografia a empurrar o deputado regional José Manuel Coelho.

Quanto ao Presidente da Republica parece estar a tentar compreender o que se passou. Veja lá, se precisar posso fazer-lhe um desenho. Ou então vá ler a Constituição onde deve dizer qualquer coisa do género que ao Presidente compete garantir o regular funcionamento das instituições democráticas. O que não vem lá de certeza é a treta da “cooperação estratégica”.
Portanto, veja se faz aquilo para o que os portugueses o elegeram e, ou mete rapidamente a rapaziada do seu partido na ordem, ou dissolve a Assembleia Regional da Madeira e convoca novas eleições.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Dona Manuela e o desemprego em Cabo Verde e na Ucrânia.











O John McCain tem o Joe Plumber, a Dr.ª Manuela Ferreira Leite arranjou a Dona Manuela. E para não a acusarem de despesista, faz ela mesma de Dona Manuela.

A Dona Manuela estreou-se na TVI com o não há dinheiro para nada, e reaparece agora em força na entrevista à TSF/DN com o investimento público em Portugal só resolve o problema do desemprego em Cabo Verde e na Ucrânia.

Claro que a Dr.ª Manuela Ferreira Leite podia explicar à Dona Manuela que o investimento público além de gerar directamente riqueza tem um efeito multiplicador na economia, que cria e/ou mantém emprego e empresas, e por aí adiante que a economista é ela, não sou eu. A líder do PSD podia também lembrar à Dona Manuela a necessidade e as vantagens para os países de imigração, do recurso à mão-de-obra estrangeira. A expansão nos anos 60 e 70, das economias de países como a França, Alemanha, e Reino Unidos não teria sido possível sem o contributo de portugueses, espanhóis, turcos, caribenhos, africanos e tantos outros.

A tirada da Dona Manuela não “roça a xenofobia”, é mesmo xenófoba: porque não é verdade que o investimento público em Portugal só ajuda a reduzir o desemprego para os trabalhadores de Cabo Verde e da Ucrânia; porque, numa altura de dificuldades para tantos de nós, acusa o Governo de ir gastar o dinheiro dos portugueses para benefício de estrangeiros. Desta nem o Paulo Portas se lembrou.

Aguarda-se agora a indignação da Dona Manuela para o novo uso que o Governo está a fazer do dinheiro dos portugueses: 700 milhões para tapar os buracos no BPN provocados pelos cambalachos dos seus colegas de Partido e de Governo; e mais alguns milhares de milhões a disponibilizar aos banqueiros “necessitados”. Afinal sempre há dinheiro para alguma coisa.