quarta-feira, 25 de março de 2009

Os lucros da EDP, ou a crise quando nasce não é para todos.






Com um lucro antes de impostos de 1504 milhões de euros em 2008, mais 203 milhões do que em 2007, os accionistas da EDP têm razões para estar felizes, à custa, entre outros, dos utentes que pagam mais 16% pela electricidade, e 41% pelo gás, do que a média da União Europeia.

Mesmo que os portugueses pagassem a energia ao preço da média da UE, os lucros da EDP continuariam acima dos mil milhões de euros, mais exactamente 1280 milhões de euros, valor que em cinco anos seria suficiente para pagar qualquer coisa como o novo aeroporto de Alcochete, estimado em seis mil milhões de euros.


Com um negócio monopolista e a permissão de cobrar tarifas bem acima da média europeia, a EDP beneficia ainda de impostos mais reduzidos do que o comum das empresas. Enquanto o Sr. Antunes da mercearia da esquina paga 25% de IRC, a EDP vai pagar, calculem, 18,9%, o que sobre os tais 1 504 milhões dá um bónus de 92 milhões de euros. O leitor fará o favor de ver quantos totolotos é que isto dá.

Por isso da próxima vez que lhe vierem com o paleio de que a crise vem lá de fora, não se esqueça de quem anda também a fazer a crise cá dentro. Como se as crises, a lá de fora e a cá de dentro, não fossem o resultado da exploração desenfreada dos que tudo podem, até levar à exaustão aqueles a quem cabe, sempre coube, pagar as facturas, todas as facturas.
Até um dia!

Nota: Dados retirados dum estudo de Eugénio Rosa.

2 comentários:

manuel gouveia disse...

E parte desse dinheiro, que nos é espoliado nos preços inflacionados, vai direitinho para o bolsos de meia dúzia sob a forma de prémios!

Eu defendo que em sectores onde não se verifique a livre concorrência as empresas devem pertencer ao estado e os preços fixados por este!

a presença das formigas disse...

Esta é talvez a proposta mais radical que já li na blogosfera, é que não estou a ver nenhum sector significativo onde se pratique a tal "livre concorrência".