quinta-feira, 12 de março de 2009

A propósito do Euro 2004, do Portugal Novo, e do que não podemos exigir à PSP.








Euro 2004 nas ruas e praças de Lisboa.



Na semana em que somos surpreendidos com o que o Fernando refere como, O Texas é cá, encontro aqui um artigo sobre o estudo Psychology, Public Policy and Law da University of Liverpool, dedicado à actuação da polícia portuguesa no Euro 2004.

Segundo o estudo, no Europeu de 2000 na Holanda e Bélgica, a polícia destacou para os jogos de alto risco uma média de 1 polícia para cada 2 fãs, no Euro 2004 a média foi de 1 para 14, tendo as detenções de adeptos ingleses em 2000 sido cerca de 150 vezes superiores, em média, às efectuadas em 2004 (1).

Este êxito da policia portuguesa teve a ver com a orientação de manter um perfil baixo e de não recorrer a tácticas agressivas, por exemplo não colocando polícias com equipamento anti-motim próximo dos adeptos. Sem retirar o mérito à PSP, terão também sido factores decisivos para este êxito, a proverbial hospitalidade dos portugueses e o clima de confraternização e festa criado à volta do Euro 2004.


Quando a PSP é chamada a intervir na Quinta da Fonte ou no Portugal Novo, estamos perante questões bem mais sérias e graves do que o hooliganismo de fãs violentos, estamos perante problemas sociais gritantes, que mais de trinta anos de democracia não resolveram, e que a presente crise tenderá a agravar.


Não venham pois, a comunicação social, os motoristas de táxis, os blogs, e até, pasme-se, o ex-ministro da Administração Interna Dr. António Costa, mais empenhado em defender o Eng. Sócrates da "campanha negra", do que em resolver o muito que está mal em Lisboa, exigir à PSP a resolução de problemas que, ao longo de décadas, Governos, Câmaras Municipais e outras autoridades avulsas, não só têm ignorado, como em resultado das suas políticas e intervenções têm vindo, de facto, a agravar.


(1) O incidente mais grave do Euro 2004 ocorreu em Albufeira, longe de qualquer estádio, e onde a intervenção coube à GNR que, na situação, recorreu a tácticas opostas às que a PSP utilizou nos jogos de risco.

2 comentários:

manuel gouveia disse...

E teríamos efectivos para mais?

De qualquer forma, estivemos bem e a polícia ao melhor nível. Hoje com o estado anímico a que chegámos tenho as minhas dúvidas...

Quanto custa isso ao país?

Anónimo disse...

exige-se que o sistema funciona e que quem executa as suas funções tenha o apoio e os meios necessários.